DOENÇAS DO JILÓ

ANTRACNOSE

Hospedeiro: Jiló – Solanum aethiopicum L.

Relevância da cultura: No Brasil, a região sudeste é a principal produtora de jiló, sendo 30% da produção nacional proveniente do estado do Rio de Janeiro (PINHEIRO et al., 2015). Apesar de ser considerada uma cultura rústica, sendo uma solanácea, pode ser acometida por doenças como a antracnose, pela qual podem haver perdas na produção ou problemas na qualidade do produto (PAVAN et al., 2016).

Agente etiológico: Colletotrichum spp.

Observação: Glomerella spp. é o gênero correspondente à fase sexuada desse fungo, podendo ser referida em literaturas mais antigas por teleomorfo ou fase perfeita.

Distribuição: Colletotrichum spp. tem ocorrência cosmopolita, sendo um importante fitopatógeno (CANNON et al., 2012).

Sintomas: A antracnose em solanáceas, de forma geral, pode causar tombamento em pré e pós emergência e gerar sérias perdas na fase de pós-colheita. São observadas lesões circulares deprimidas e de diâmetro variável nos frutos e apesar da doença afetar todo o jiloeiro, esse é o órgão mais danificado. Sobre as lesões características, sinais alaranjados ou de coloração rósea podem aparecer. A depender das condições de umidade e temperatura, também pode haver formação da camada mucilaginosa, que é na verdade uma massa de conídios, produzidos nos acérvulos (PAVAN, et al., 2016).

Morfologia do fungo: Colletotrichum spp. em sua forma assexuada produz acérvulos anfígenos, subepidermiais, nos quais podem haver setas de coloração marrom. Os conídios são cilíndricos, mas podem apresentar ápice obtuso e base subaguda. São lisos, hialinos, asseptados, unicelulares com 10-25 µm de comprimento por 3-6 µm de largura e formam septo antes da germinação. O apressório com 8-12 µm, possui margem total ou ligeiramente irregular, ovalada, globosa ou ampuliforme, de coloração marrom a marrom-médio (MYCOBANK, 2018). Na fase sexuada, dá-se a formação de peritécios escuros, solitários ou agregados contendo ascas unitunicadas com oito ascósporos de formato clavado a cilíndrico e unicelulares.

Controle:

Não Químico: Utilização de sementes limpas e livres do patógeno; evitar o plantio próximo a outras solanáceas, realizar rotação de culturas e eliminar os restos culturais; realizar irrigação por gotejamento ou infiltração, eliminação de frutos doentes ou partes infectadas da planta (PEREIRA et al., 2012).

Controle químico: quando utilizado, deve estar em acordo com os produtos registrados para a cultura e as recomendações do fabricante. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) tem 7 produtos registrados para o controle de antracnose em jiló. Alguns dos ingredientes ativos disponíveis são:  Oxicloreto de cobre, óxido cuproso, flutriafol, tebuconazol e trifloxistrobina. Sendo recomendada a aplicação de fungicidade sistêmico e não-sistêmico (BRASIL, 2018).

Referências

ALEXANDRE, E.R.; HERCULANO, L.M.; SILVA, J.M. & OLIVEIRA S.M.A. 2014. Fosfitos no manejo da antracnose do jiló. Pesquisa Agropecuária Brasileira 49:930-938.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. AGROFIT: Consulta de produtos formulados, 2018. Disponível em: < http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons>. Acesso em: 20 mai. 2018

International mycological association. MycoBank Database, 2018. Disponível em: <http://www.mycobank.org>. Acesso em: mai. 2018

BONETT, L. P. et al. Colletotrichum gloeosporioides agente causal da antracnose de frutos e hortaliças em pós-colheita. Ambiência, v. 6, n. 3, p. 451–463, 2010.

CANNON, P. F. et al. Colletotrichum – current status and future directions. Studies in Mycology, v. 73, p. 181–213, 2012.

DAMM, U. et al. The Colletotrichum acutatum species complex. Studies in Mycology, v. 73, p. 37–113, 2012.

PAVAN, M.A.; KRAUSE-SAKATE, R.; MOURA, M.F. & KUROZAWA, C. 2016. Doenças das solanáceas. In: Amorin, L.; Rezende, J. A. M.; Bergamin Filho, A.; Camargo, L.E.A. Manual de fitopatologia. 5ª ed. Editora Agronômica Ceres Ltda. Ouro fino. p.677-686.

PEREIRA, R. B. et al. Doenças e pragas do jiloeiro. 2012.

 PEREIRA, R.B.; PINHEIRO, J. B.; ANDERSON, J. & REIS, A. 2012. Doenças e pragas do jiloeiro. Circular técnica 106, ed. 1. Embrapa Hortaliças: Brasília, DF. 13p. PINHEIRO, J.B.; PEREIRA, R.B.; FREITAS, R.A. & MELO, R.A.C. 2015. A cultura do jiló. Coleção plantar 75. 1ª ed. Embrapa Informação Tecnológica. Brasília

Fig. 1. Plantas de jiloeiro com frutos doentes (antracnose e podridão).
Fig. 2. Frutos de jiló com sintomas de antracnose.
Fig. 3. Fotomicrografia de corte onde se observa acérvulo erumpente sob a epiderme do fruto.
Fig. 4. Fotomicrografia de corte onde se observa setas características do fungo.

Equipe de Desenvolvimento Web/UFV - 2014 - Mantido com Wordpress