DOENÇAS DA BUCHA

Mancha Zonada

Hospedeiro: Bucha vegetal, Luffa cylindrica Mill.

Relevância: É um patógeno muito importante pelos graves problemas que causa em cucurbitáceas, as perdas são maiores em regiões que apresentam condições ambientais favoráveis a sobrevivência do patógeno. Lavouras podem ser destruídas entre uma a duas semanas após a infecção. Várias espécies de cucurbitáceas cultivadas e silvestres são hospedeiras desse fungo.

Agente etiológico: Leandria momordicae Rangel

Sinônimos:

= Leandria momordicae Rangel [MB#186992]

=Stemphylium cucurbitacearum Osner[MB#220346]

Distribuição: Amplamente distribuído em regiões que o clima é quente e úmido especialmente em cucurbitáceas.

Sintomas: Os sintomas iniciais são observados nas folhas mais velhas, e posteriormente, o patógeno irá infectar outras folhas em qualquer fase de desenvolvimento. É observada a formação de pequenos pontos, podendo ser circulares ou angulares, com coloração amarelada no centro e bordas marrom-alaranjadas. Com o desenvolvimento da doença, o centro amarelado torna-se branco, variando para marrom-claro em manchas maiores. Normalmente, as lesões coalescem, atingindo uma ampla superfície da folha, a qual apresenta-se esbranquiçada e quebradiça, com aspecto rendilhado. Posteriormente, ocorre necrose dessas áreas e rompimento dos tecidos, formando buracos nas folhas. Na face abaxial de folhas velhas e infectadas é comum observar pontuações pretas que são resultantes da esporulação do fungo (REBELO, 2003).

Morfologia do fungo: Apresenta micélio hialino, superficial, não incrustado, ramificado, septado e muitas vezes granuloso e intracelular, lançando através da epiderme de ambas as faces da folha filamentos flexuosos e reptantes, em cujo percurso ou na extremidade livre nascem os conidióforos. Estes, no início, são pequenas vesículas que crescem em forma de clava lisa, munindo-se de divisões transversais à medida que se desenvolvem. Em certo grau do desenvolvimento suas células aumentam de diâmetro, alargando-se mais nas partes periféricas (pontos de menor resistência), dando à clava o contorno globulado (grupo de esporos). Quando os conidióforos surgem na extremidade de uma hifa, esta se encurva para se verticalizar ou se aproximar desta posição, quase sempre tomando a forma de joelho. Através do septamento transversal da célula superior dos conidióforos que começará a diferenciação dos conídios. A nova célula, consequente da divisão, recebe depois dois septos verticais e mais outros em diversos sentidos, assim formando os conídios, lobados pelo maior desenvolvimento das células periféricas. Os esporos são hialinos quando jovens, enegrecendo à medida que amadurecem. As células que germinam emitem tubos cilíndricos simples ou ramificados, contínuos ou septados. Da célula inferior do conidióforo pode partir filamento micelial são produzidos novos conidióforos (MAUBLANC; RANGEL, 1915).

Biologia do Fungo:O fungo produz pouquíssimos esporos e apresenta crescimento escasso a temperaturas abaixo de 15 ºC e acima de 30 ºC. Seu crescimento não é bom em atmosfera seca, bem como em alta umidade. Cresce tanto sob luz quanto no escuro. Seus conídios são produzidos em lesões na face abaxial da folha, e ocorrem tanto em condições de baixa umidade (Umidade relativa de 40 %) e de alta umidade (Umidade relativa de 90%), com um maior grau severidade em condições de maior umidade (REBELO, 2003).

Observações:

  • Não há sequências de Leandria momordicae disponíveis no Genbank.
  • Apresenta alta variabilidade genética, os principais indicativos dessa variabilidade seriam os setores formados nas colônias in vitro e a constatação de polimorfismo de DNA através da técnica de AFLP (Rebelo, 2003).

Material herborizado: VIC

Cultura pura: COAD

Controle:

Não químico: Recomendam-se evitar o plantio próximo a cultivos de cucurbitáceas velhas, a eliminação de hospedeiros silvestres, além de se evitar plantios em baixadas, escolha de locais menos sujeitos ao excesso de umidade, rotação de culturas com espécies não cucurbitáceas. Em ambiente protegido recomenda-se evitar o uso de irrigação por aspersão e procurar manter o local arejado e com boa ventilação (REBELO, 2003).

Químico: Não há produtos registrados para controle do agente causal da mancha zonada da bucha vegetal. Para outras cucurbitáceas são recomendados fungicidas protetores e sistêmicos, incluindo a classe dos triazóis (REBELO, 2003).

Referências importantes:

DAIRO, F. A.; AYE S. P. A., OLUWASOLA T. A. 2007. Some functional properties of loofah gourd (Luffa cylindrica L., M. J. Roem) seed. Journal of Food Agriculture & Environment, 5(1): 97- 101.

ISMAIL, M. D.; HUSSAIN, M. M.; DASTAGIR, M. G.; BILLAH, M.; QUADER, A. 2010. Phytochemical and antimicrobial investigation of Luffa cylindrica. Boletín Latinoamericano y del Caribe de Plantas Medicinales y Aromáticas, 9(4): 327-332

MAUBLANC, A.; RANGEL, E. Alguns fungos do Brasil, novos ou mal conhecidos. Boletim de Agricultura, Indústria, Comércio e Obras Públicas, S.P., v.16, p. 310-328, 1915.

PARTAP, S.; KUMAR, A.; SHARMA, N. K.; JHA, K. K. 2012. Luffa cylindrica: An important medicinal plant. Journal National. Producing. Plant Resources, 2 (1):127-134.

REBELO, J. A. Mancha reticulada (Leandria momordicae Rangel) em cucurbitáceas. Tese de Doutorado (Doutorado em Fitotecnia) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2003.

SACCARDO, P. A.Leandria momordicae. Sylloge FungorumXXV: 849 (1931).

Fig. 1. Folhas de bucha vegetal apresentando Mancha Zonada
Fig. 2. Conidióforos em forma de clava com divisões transversais e conídios pigmentados com septações transversais e longitudinais de Leandria momordicae.

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