DOENÇAS DA BANANA

Mancha-de-Cordana

Hospedeiro: Bananeira, Musa sp.


Relevância:  O Brasil é um grande produtor de banana e essa fruta ocupa o segundo lugar em oferta no mercado nacional, registrando um valor de produção de 6,9 milhões de toneladas. A bananicultura representa uma grande importância econômica e social, sendo cultivada por pequenos e médios produtores. Dentre os problemas no cultivo da banana, as doenças são as que mais ocasionam redução na produtividade. A Mancha-de-Cordana é uma doença que está associada ao Mal-de-Sigatoka e quando não controlada adequadamente, pode ocasionar redução da produtividade.        

Agente etiológico: Cordana musae (Zimm.) Höhn., Zentralblatt für Bakteriologie und Parasitenkunde Abteilung 2 60: 7 (1923) [MB#271863]

Sinônimos: = Scolicotrichum musae e = Neocordana musae

Distribuição: Encontra-se difundido nos trópicos (Mycobank, 2018). Não é uma doença endêmica e as vezes está associada a Sigatoka-amarela.

Sintomas: As manchas observadas são de formato oval coloração marrom-palha, diâmetro variado, formado no limbo da folha, particularmente, nas margens ou associada a rasgadura ou fendilhamento da folha. As lesões são circundadas por um halo amarelo brilhoso, o que torna os danos causados por essa doença semelhantes ao mal da Sigatoka. As lesões necróticas aparecem na parte superior da folha e em zonas concêntricas padrões. As lesões tomam grande parte da folha e, frequentemente, circundam as lesões de Sigatoka-negra e, ou amarela (Instituto Biológico, 2018).

As lesões geralmente confundem-se com as de Sigatoka-amarela. Para diferenciar, as de cordana apresentam um maior crescimento radial, com zonas concêntricas e circundadas por um halo amarelo. Enquanto, as de Sigatoka-amarela são lesões estriadas amarelas que passam para marrom e posteriormente, para manchas pretas, necróticas, circundas por um halo amarelo adquirindo forma elíptica-alongada (Cordeiro et al., 2004).

Morfologia do fungo:

Conidióforos de até 220 µm de comprimento, 4-6 µm de espessura, geralmente inchados na base ( 9–11 µm), não ramificados, septados, pálidos a meio castanhos, retos ou flexuosos, com inchaços terminais e intercalares nos quais são formados pequenos pinos que suportam os conídios. Conídios 11–18 × 7–10 µm, 1-septado, às vezes ligeiramente constringido no septo, de coloração marrom pálido, liso e hilo saliente (Padil, 2018). A sequência de Cordana musae encontra-se depositada com a seguinte identificação : [MB#271863].

A produção de esporo do fungo ocorre de forma livre e é estimulada pela chuva ou orvalho durante a noite. Sob condições de umidade adequada, os esporos germinam e penetram nos tecidos sadios ou lesionados (Instituto Biológico,2018).

Material herborizado: VIC

Cultura pura (se aplicável): COAD

Controle:

Não químico: recomenda-se tratos culturais como desfolha e adubações balanceadas. Em geral, as cultivares resistentes a doenças do tipo sigatoka também o são à Mancha-de-cordana.

Químico: nas plantações onde ocorrem a Sigatoka-negra e a Sigatoka-amarela e são controladas com produtos químicos (fungicidas sistêmico ou contato), a mancha-de-cordana quase nunca ocorre. O uso de óleo mineral em misturas com fungicidas sistêmicos pode aumentar as lesões ou quando há lesões severas o óleo mineral pode ser fitotóxico. Na ausência de controle, a doença pode reduzir consideravelmente a área foliar e ocasionar diminuição da produção.

REFERÊNCIAS

ANUÁRIO BRASILEIRO DA FRUTICULTURA 2016. 1. Frutas – Cultivo – Brasil. I. Treichel, Michelle. Santa Cruz do Sul : Editora Gazeta Santa Cruz, 88p. 2016.

CORDEIRO, Zilton José Maciel; MATOS, AP DE; MEISSNER FILHO, Paulo Ernesto. Doenças e métodos de controle. O cultivo da bananeira, v. 1, p. 146-182, 2004.

INTERNATIONAL MYCOLOGICAL ASSOCIATION. Mycobank Database. Disponível em < http://www.mycobank.org/Biolomics.aspx?Table=Mycobank&Rec=6772&Fields=All >. Acesso em: 20 maio.2018.

PESTS AND DISEASES IMAGE LIBRARY – PADIL. New Zealand Biosecurity.In: McKenzie, E. (2013) Cordana musae (Cordana musae) Updated on 3/21/2014 2:07:00.  Disponível em <http://www.padil.gov.au/maf-border/pest/main/143018>. Acesso em: 20 maio.2018.

INSTITUTO BIOLÓGICO- IB. Fungos causadores de doenças foliares da bananeira (musa spp.). Disponível em <http://www.biologico.agricultura.sp.gov.br/uploads/files/rifib/XIII%20RIFIB/moraes.pdf>. Acesso em: 20 maio.2018.

Sigatoka-amarela

Relevância:

Dentre as doenças que afetam a cultura da banana a Sigatoka-amarela é uma das principais, causando perdas consideráveis tanto na produção quanto na qualidade da fruta, bem como dizimando produções inteiras.

Agente etiológico: Mycosphaerella musae (Speg.) Syd. & P. Syd., Philippine Journal of Science Section C Botany 8: 482 (1913) [MB#100305]

Sinônimo: Sphaerella musae Speg., Anales del Museo Nacional de Historia Natural Buenos Aires 19 (12): 354 (1909) [MB#181524]

Anamorfo: Pseudocercospora musae (Zimm.) Deighton, Mycological Papers 140: 148 (1976) [MB#321645]  

Sinônimo: Cercospora musae Zimm., Centralblatt für Bakteriologie und Parasitenkunde 8: 219 (1902) [MB#178064]

Cercospora musae Massee, Bulletin of Miscellaneous Informations of the Royal Botanical Gardens Kew 1914: 159 (1914) [MB#177834]

Distribuição:

Relatos indicam que foi observada pela primeira vez próximo de Biotenzorg, em Java no ano de 1902. Depois no Distrito de Sigatoka na ilha de Viti Levu, em Fiji por volta do ano de 1912 (Philpott & Knowles, 1913). Também foi identificada na Ásia, África, América Central e Sul do Caribe (Meredith, 1970). A Sigatoka amarela tem distribuição endêmica no Brasil.

Sintomas:

Os sintomas iniciais da doença aparecem com uma leve descoloração em forma de ponto entre as nervuras secundárias da segunda a quarta folha, a partir da “vela”. A contagem das folhas é feita de cima para baixo, onde a folha da “vela” é a zero e as subsequentes recebem os números 1,2,3, 4 e assim por diante. A descoloração aumenta, formando uma estria de tonalidade amarela. Com o tempo, as pequenas estrias amarelas passam para marrom e posteriormente, para manchas pretas, necróticas, circundas por um halo amarelo adquirindo forma elíptica-alongada (Cordeiro et al., 2004).

Morfologia do fungo:

Imperfeita ou Assexuada :  Pseudocercospora musae – apresenta conidióforos em densos fascículos, retos, hialinos, septados, em estroma marrom a preto, e conídios medindo 10 – 109 µm x 2 – 6 µm (média 59 – 3 µm). Quanto a forma, os conídios variam de cilíndricos a obclavados-cilíndricos, retos ou curvos, hialinos a oliváceos, produzidos em conidióforos retos a ondulados, de coloração oliváceo pálido (Rosa & Menezes, 2001).

Perfeita ou Sexuada: Mycosphaerella musicola – formação de espermogônios, que produzem gametas masculinos, as espermácias, e o órgão sexual feminino, uma hifa espiralada, que é formada no interior de jovens ascomas, denominadas de tricogines (Wardlaw, 1961). Em escala macroscópica, os espermogônios de alguma forma assemelham-se às pontuações negras formadas pelas frutificações conidiais, porém com um formato melhor delimitado de pontuação (Rosa & Maria, 2001). As espermácias, que são formadas em longas cadeias, são bastante minúsculas, oblongas e hialinas, com formato semelhante às bactérias, e podem ser visualizadas sendo expelidas a partir de um ostíolo ou poro no ápice dos espermogônios (Simmonds, 1933).

Material herborizado: VIC

Cultura pura (se aplicável): COAD

Controle:

Não Químico: Uso de variedades resistentes; manejo cultural: drenagem do terreno, combate às plantas infestantes, desfolha sanitária e nutrição adequada.

Químico: Fungicidas sistêmicos e de contato são utilizados para o controle. Ressalta-se que os sistêmicos são os mais importantes para o controle do mal-da-Sigatoka e os principais estão incluídos em dois grupos químicos: os benzimidazóis e os triazóis. http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons

REFERENCIAS

AMORIM, L.; SPOSITO, M.B.; KUNIUKI,H.*****. Manual de Fitopatologia: doenças de plantas cultivadas. 5ª Ed. Ouro Fino: Editora Agronômica Ceres, 2016.p

CORDEIRO, Z. J. M.; ROCHA, H. S.; DE ARAÚJO, A. G. Metodologia para manuseio de Mycosphaerella musiocola em laboratório. Embrapa Mandioca e Fruticultura-Documentos (INFOTECA-E), 2011.

CORDEIRO, Zilton José Maciel; MATOS, AP DE; MEISSNER FILHO, Paulo Ernesto. Doenças e métodos de controle. O cultivo da bananeira, v. 1, p. 146-182, 2004.

Food and Agriculture Organization of the United Nations – FAO. Trade and Markets, Banana – world exports. Disponível em: < http://www.fao.org/economic/est/est-commodities/bananas/en/ >. Acesso em: 19 maio. 2018.

MEREDITH, M.A. Banana leaf spot disease (Sigatoka) caused by Mycospherella musicola Leach. Surrey: CMI, 1970, 147 p. (Phytopathological papers, II).

PHILPOTT, J.C.; KNOWLES, C.H. Report on a visit to Sigatoka. Fiji: Phamphlet of the Department of Agiculture, n.03, 1913.

ROSA, R. T. C.; MENEZES, MARIA. Caracterização patogênica, fisiológica e morfológica de Peudocercospora musaeFitopatologia Brasileira, Brasília, v. 26, n. 2, p. 141-147, 2001.

SIMMONDS, J.H. Banana Leaf Spot. Quensland: Department of Agriculture and Stock Division of Entomology and Plant Pathology, 1933. (Pamphlet, 6).

Sistema de Agrotóxico Fitossanitário – AGROFIT.Consulta de Praga/Doença. Disponível em: < http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons>. Acesso em: 20 maio. 2018.

WARDLAW, C.W., Leaf Spot. (Sigatoka Disease) In: WARDLAW, C.W. BANANA DISEASES: Including Plantains and Abaca. Longmans, Edingburgh, 1961. Cap. 11, p. 314-341.

Equipe de Desenvolvimento Web/UFV - 2014 - Mantido com Wordpress