DOENÇAS DA SOJA

FERRUGEM

Hospedeiro: Soja (Glycine max L.)

Relevância: Phakopsora pachyrhizi é a espécie mais agressiva que causa a ferrugem-asiática da soja, capaz de comprometer a cultura e atingir até 75% de perdas nas regiões produtoras. A perda em grãos foi estimada a cerca de 3,4 milhões de toneladas, aproximadamente US$ 759 milhões (Yorinori et al., 2005).

Agente etiológico: Phakopsora pachyrhizi Syd. & P. Syd., [MB#121037], foi publicado no Annales Mycologici 12 (2): 108 (1914).

Distribuição: Phakopsora pachyrhizi encontra-se disseminado pelo mundo, sendo relatado na Ásia, África, América do Norte, América Central e Caribe,  América do Sul, Europa e Oceânia (https://www.cabi.org/isc/datasheet/40019).

Sintomas da Ferrugem: Os primeiros sintomas em folhas são caracterizados por pequenas manchas/lesões ou marrom-acastanhadas ou marrom-acinzentada, que são delimitadas por feixes vasculares. Com o tempo, esses lesões ficam escuras, podendo ser observadas saliências correspondentes a estruturas de frutificação do fungo no verso da folha. As lesões coalescem, tornam-se marrom-escuras e são cobertas por massas de esporos marrom-amareladas ou esbranquiçadas à medida que a esporulação progride. Os uredósporos, inicialmente de coloração hialina (cristalina), tornam-se bege e acumulam-se ao redor dos poros, podendo ser carregados pelo vento. Com o avançar do tempo, as lesões tornam-se marrom-avermelhadas escuras e em forma de crosta; estes são aglomerados teliais subepidérmicos. As folhas infectadas amarelam, secam e caem prematuramente (AGROFIT, 2018; CABI,2018).

Morfologia do fungo Phakopsora pachyrhizi: Os uredósporos apresentam coloração amarelo-amarronzada, com superfície lisa. Essa coloração difere de outros patógenos que causam ferrugem, cuja coloração é, em sua maioria, vermelho-amarronzada. A germinação dos uredósporos de P. Pachyrhizi ocorre por meio de um poro equatorial (Nascimento et al., 2015). Os uredósporos (15-24 x 18-34 µm) que constituem o inóculo responsável da epidemia, são ovoides a elipsoides com parede de 1 µm de espessura, densamente equinulados e variando de incolor a castanho-amarelo pálido. Os teliósporos produzidos por Phakopsora pachyrhizi depois indução no laboratório, são organizados em 1 a 7 camadas. As paredes dos esporos são marrom-amareladas pálidas, com espessura mais ou menos uniforme de 1 µm ou apenas levemente engrossadas e com até 3 µm de espessura nas células das camadas apicais (Godoy et al., 2016).

Observações:  A sequência ITS de Phakopsora pachyrhizi se encontra depositada no GenBank com número de acesso AF333488. Foi publicado no Jornal de Phytopathology por Frederick et al., 2002.

Controle:

Não químico: resistência genética, eliminação das plantas voluntárias e hospedeiros alternativos, uso de cultivares de ciclo curto (AGROFIT, 2018).

Químico: No Brasil,  61 fungicidas são registradas para o controle da ferrugem asiática da soja (AGROFIT, 2018).  

Referências:

1- Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. AGROFIT: Sistema de Agrotóxicos e Fitossanitários. http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons. Acesso em 22/05/2018.

2- Godoy C.V., Almeida A.M.R., Costamilan L.M., Meyer M.C., Dias W.P., Seixas C.D.S., Soares R.M., Henning A.A., Yorinori J.T., Ferreira L.P. et Silva J.F.V. 2016. Doenças da Soja. Manual de Fitopatologia. Volume 2. Capítulo 67

3- Hang D., Shuangfeng S., Chong Z., Sihui Z., Mei L., Jie T., Yue Y., Liping L., Shirong J., Xujing W., Yuanhua W., et Yuhui L. 2018. Transcriptomic analysis of genes in soybean in response to Peronospora manshurica infection. BMC Genomics. 19:366.

4- Nascimento J.M., Gavassoni W.L., Bacchi L.M.A., Melo E.P., 2015. Germinação de uredinosporos de Phakopsora pachyrhizi e Puccinia kuehnii sob diferentes adjuvantes. Plant pathology. 82, 1-6. DOI:10.1590/1808-1657001242013.

5- Phakopsora pachyrhizi (soyabean rust)-CABI. https://www.cabi.org/isc/datasheet/40019 . Acesso em 22/05/2018.

 5- Yorinori, J. T., Paiva, W. M., Frederick, R. D., Costamilan, L. M., Bertagnolli, P. F., Hartman, G.E., Godoy, C. V., and Nunes, J., Jr. 2005. Epidemics of soybean rust (Phakopsora pachyrhizi) in Brazil and Paraguay from 2001 to 2003. Plant Dis. 89:675-677.

6- Phakopsora pachyrhizi Syd. & P. Syd., Annales Mycologici 12 (2): 108 (1914).

Fig.1. Plantas de soja apresentando sintomas de ferrugem asiática causada por Phakopsora pachyrhizi.
Fig.2. Sintomas avançados com a formação de urédias de Phakopsora pachyrhizi na parte abaxial da folha.
Fig.3. Phakopsora pachyrhizi: uredósporos globosos e pedicelados.
Fig.4. Phakopsora pachyrhizi: télia e teliósporos .

MÍLDIO

Hospedeiro: Soja (Glycine max L.)

Relevância: Nas condições de alta umidade e temperatura relativamente baixa entre 20 e 22°C, o míldio da soja, causado por Peronospora manshurica , pode reduzir o rendimento da cultura de 6–15% em caso de epidemia (Dong et al., 2018).

Agente etiológico: Peronospora manshurica (Naumov) Syd., [MB#270522]  foi publicado por (Naumov) Sydow em 1923.

Distribuição: Peronospora manshurica está presente nas principais regiões produtoras de soja do mundo.

Sintomas: Inicialmente as folhas infectadas apresentam manchas verde pálido a amarelo, na parte adaxial. Mais tarde, essas manchas desviam de cor e têm uma aparência cotonosa com coloração rosada, acompanhadas do crescimento de frutificações do fungo na parte abaxial das folhas, levando à degradação da clorofila e desfolhação prematura. O fungo também infecta as vagens, podendo causar deterioração das sementes ou infecção parcial. Nesse caso, a semente apresenta uma crosta pulverulenta, formada de micélio e esporos do fungo, e o tegumento adquire coloração bege a castanho-claro (Dong et al., 2018; AGROFIT, 2018).

Morfologia do fungo: O comprimento dos conidióforos varia de 300 a 500 µ. Ramificam-se dicotômicamente de  5  a 8 vezes, tomando o aspecto e a forma geral de uma árvore. As últimas ramificações são pequeninas, ponteagudas, recurvadas, desiguais e formam ângulos retos e obtusos com as anteriores. Os conídios são hialinos, ovóides e subglobosos, de 24 a 20,5 µ  de diâmetro, germinam em água, à temperatura ambiente, com a formação de um tubo germinativo hialino, lateral e fino (Francisco et Léo, 1970).

Observações: A sequência ITS de Peronospora manshurica se encontra depositada no GenBank com número de acesso AY211019. Foi publicado no Jornal Mycol. Res. por Choi et al., 2003.

Controle: Além do uso de algumas fungicidas para diminuir a infecção do míldio, o desenvolvimento e o uso de variedades resistentes da soja é a maneira mais eficaz de controlar o Míldio (Dong et al., 2018). Entretanto,  o Clorotalonil é o único princípio ativo registrado no Brasil para controlar quimicamente essa doença via o tratamento de sementes (AGROFIT, 2018).

Referências:

1- Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. AGROFIT: Sistema de Agrotóxicos e Fitossanitários. http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons . Acesso o 22/05/2018.

2- Francisco De  J.V. et Léo P.F. 1970. Uma nova doença da soja no Rio Grande do Sul. Pesq. agropec. bras. 5:219-228.

3- Hang D., Shuangfeng S., Chong Z., Sihui Z., Mei L., Jie T., Yue Y., Liping L., Shirong J., Xujing W., Yuanhua W., et Yuhui L. 2018. Transcriptomic analysis of genes in soybean in response to Peronospora manshurica infection. BMC Genomics. 19:366.

4- (Naumov) Sydow. 1923. Peronospora manshurica (Naumov) Syd., Beiträge zur Kryptogamenflora der Schweiz 5 (4): 221 [MB#270522] .

5- Pathack V.K., Mathur S.B et Neergaard P. 1978. Detection of ¨Peronospora manshurica (Naum.) Syd. in seeds of soybean, Glycine max. EPPO Bull. B(1):21-28.

6- Silva O. C., Santos A.A., Pria M.D., et De Mio L.L.M. 2016. Damage to soybean caused downy mildew. Ciência Rural, Santa Maria. 46 (3): 389-392. Acesso a partir de <http://dx.doi.org/10.1590/0103-8478cr20150093>.

Fig.5. Sintomas do míldio da Soja representadas pelas pontuações amarelas na parte adaxial da folha.
Fig.6. Parte abaxial da folha de soja com pontuações beges, de aparência cotonosa
representadas as frutificações de
Peronospora manshurica.
Fig.7.  Peronospora manshurica: esporângios e esporangióforos.

Equipe de Desenvolvimento Web/UFV - 2014 - Mantido com Wordpress