Doenças da Videira

Mancha-das-folhas

Hospedeiro: Videira – Vitis vinifera

Relevância da cultura: A mancha das folhas ou pinta preta é favorecida por elevadas temperaturas e umidade. Pode ser considerada uma doença secundária, devido à grande importância de míldios e podridões para a cultura, no entanto a queda das folhas prematura, na qual pode culminar, pode afetar o florescimento e, consequentemente, o rendimento produtivo dos anos seguintes, pois a redução da área foliar implica na restrição do acúmulo de carboidratos pelas plantas (BENNETT et al., 2005).

Agente etiológico: Pseudocercospora vitis (Lév.) Speg. (Sinônimo: Isariopsis clavispora Berk & Curt. sacc.), que é a fase assexuada de Mycosphaerella personata Higgins.

Distribuição: Os relatos de P. vitis no Brasil, Europa, Índia, Japão, América do Norte, Coreia, Paquistão, Arábia Saudita, África do Sul e Argentina indicam que esse patógeno é amplamente distribuído (SISTERNA; RONCO, 2005).

Sintomas: Inicialmente, as lesões apresentam-se no limbo foliar como pequenas manchas irregulares, entre 2 e 8 mm, mas podem tornar-se maiores, angulares e coalescer. A coloração varia, sendo normalmente avermelhadas e pardas, no centro e enegrecidas nas margens. É comum também observar um halo amarelado circundando as lesões. Na face abaxial, sob condições adequadas de umidade, as manchas adquirem tom verde-oliváceo, devido a frutificação do fungo.(HARVEY; WENHAM, 2012).

Morfologia do fungo:  Pseudocercospora vitis caracteriza-se pela formação de conidióforos em sinêmio, septados e fasciculados, que medem em média entre 200 e 250 µm, mas podem chegar a 500 µm. A proliferação é simpodial e sua coloração, normalmente, se manifesta oliva-esverdeada. Os sinêmios formados podem ser verificados na face abaxial das folhas por toda a extensão das manchas foliares, o que também lhes confere a cor oliva-esverdeada (MYCOBANK, 2018). Os conidióforos sustentam os conídios, estes últimos por sua vez, têm dimensões médias de 24-99 x 4-8 µm, raramente até 9 µm de largura. Os conídios são obclavados ou fusiformes, podem ser ligeiramente curvados e adornados. Quanto a septação, os conídios podem ter de 3 a 17 septos transversais e alguns têm um ou dois septos longitudinais (MYCOBANK, 2018). A fase sexuada é composta por hifas também de coloração oliva compactadas em um ascoma uniloculado. O pseudotécio é globoso e escurecido. No centrum encontram-se os ascos nos quais são formados os 8 ascósporos hialinos medindo 10 a 20 µm x 2,5 a 3,6 µm (MYCOBANK, 2018).

Biologia do Fungo: Altas temperaturas e umidades favorecem o aparecimento da doença, que ocorre inicialmente em folhas mais velhas, ao final do ciclo vegetativo. A disseminação de ascósporos e conídios ocorre, principalmente, pelo vento (AMORIM et al., 2016).

Controle: As medidas adotadas para outras doenças que acometem a videira, como antracnose e míldio, são eficientes em seu controle. Por isso, alguns autores afirmam que a pinta-preta é uma doença de videiras malcuidadas (AMORIM et al., 2016).

Não químico: uma das medidas de controle é o plantio de variedades europeias, consideradas resistentes à mancha-das-folhas. Evitando, além das variedades americanas, algumas híbridas, em especial a cultivar Bordô que é extremamente suscetível a esta doença (GARRIDO, 2016)

Químico: são recomendados produtos à base de cobre e, recentemente, tem-se usado uma combinação destes com triazóis. Para reduzir o desfolhamento, recomenda-se duas a três pulverizações em intervalos de aplicação de 15 dias, a partir da colheita. Alguns dos ingredientes ativos disponíveis e registrados no MAPA são: hidróxido de cobre, oxicloreto de cobre, tiofanato metílico, tebuconazol, clorotalonil entre outros (GARRIDO, 2016; BRASIL, 2018).

Referências

AMORIM, L.; SPOSITO, M.B.; KUNIYUKI, H. Doenças da Videira. In: AMORIM, L. et al. (Eds) Manual de Fitopatologia: doenças de plantas cultivadas. 5ª Ed. Ouro Fino: Editora Agronômica Ceres, 2016. p.752

BENNETT, J. et al. Influence of defoliation on overwintering carbohydrate reserves, return bloom, and yield of mature chardonnay grapevines. American Journal of Enology and Viticulture, v. 56, n. 4, p. 386–393, 2005.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. AGROFIT: Consulta de produtos formulados, 2018. Disponível em: < http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons>. Acesso em: 20 mai. 2018

CAMARGO, U. A.; TONIETTO, J.; HOFFMANN, A. Progressos na viticultura brasileira. Revista Brasileira de Fruticultura, v.especial, p. 144-149, 2011.

GARRIDO, L. DA R. Eficácia de fungicidas e produtos alternativos no controle da mancha-das-folhas da videiraComunicado Técnico. Bento Gonçalves, RS: [s.n.]. Disponível em: <https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1060452/1/ComunicadoTecnico1891.pdf>.

HARVEY, I. C.; WENHAM, H. T. A Fungal Leaf Spot Disease of Grapes Cercospora vitis ( Lév ) Sacco. v. 8643, 2012.

International mycological association. MycoBank Database, 2018. Disponível em: <http://www.mycobank.org>. Acesso em: mai. 2018

SILVA, M. et al. Exploring fungal mega-diversity: Pseudocercospora from Brazil. Persoonia, v. 37, p. 142–172, 2016.

SISTERNA, M.; RONCO, L. Occurrence of grapevine leaf spot caused by Pseudocercospora vitis in Argentina. Plant Pathology, v. 54, n. 2, p. 247, 2005.