DOENÇAS DO CAFEEIRO

CERCOSPORIOSE

Hospedeiro: Cafeeiro (Coffea arabica)

Relevância: A cercosporiose é uma doença que pode influenciar negativamente na produção do cafeeiro, e em genótipos suscetíveis, dependendo da região de cultivo, é observado desfolha severa da planta e perdas na produção que podem chegar a 30%. Mesmo sendo uma doença com antigo histórico de ocorrência nos cafezais brasileiro, a cercosporiose ainda está presente, e pode causar severas epidemias nas regiões produtoras (SOUZA et al., 2011; AGROFIT, 2018).

Agente etiológico: Cercospora coffeicola Berkeley & Cooke (1881) (anamorfo), Mycosphaerella coffeicola (Cooke) Stevenson & Wellman (1944) (teleomorfo)

Sinônimos:

= Ramularia goeldiana Sacc.

= Cercospora coffeae Zimm.

= Cercospora herrerana Farneti.

Distribuição: A cercosporiose ou mancha de olho pardo do cafeeiro cujo agente etiológico é Cercospora coffeicola ocorre em todos os países produtores de café, é uma doença endêmica com maior incidência em regiões com solos de baixa fertilidade. Tem ocorrência no México, América Central, América do Sul, Ilhas do Caribe, África do Sul, Brunei, China, Costa do Marfim, Fidji, Filipinas, Índia, Indonésia, Madagascar, Malaui, Nova Caledônia, Papua-Nova Guiné, Serra Leoa, Sudão, Taiwan, Tanzânia, Uganda, Zimbábue e no Brasil (AGROFIT, 2018).

Sintomas: Podem ser visualizados desde mudas no viveiro a plantas já estabelecidas no campo. Os sintomas são manchas ovais-circulares necróticas com halo clorótico de 5-15 mm de diâmetro, o centro da lesão é esbranquiçado com cor marrom circundante, similar a um olho de passarinho. No centro das lesões podem ser observados as estruturas de frutificação do fungo de cor escura. A produção de etileno é intensificada em folhas infectadas, e por consequência ocorre queda de folhas e frutos, podendo progredir para morte de ramos produtivos. A doença também pode afetar os frutos, no local da infecção vai formar uma necrose superficial de forma irregular e cor marrom, a casca se adere a semente e forma uma necrose seca em todo o fruto já podre, que passa a apresentar aspecto mumificado. Além disso, é possível observar a formação de sintomas atípicos da doença, descritos como manchas foliares circulares irregulares e escuras, com tamanho relativamente maior que a lesão convencional, também causada por este patógeno (AGROFIT, 2018).

Morfologia do fungo: Sobre as lesões crescem os conidióforos, em quantidade de 3-10, com coloração marrom escuro, ligeiramente ou fortemente geniculados, possuem septos, apresentam cicatriz da inserção do conídio com ligeiro espessamento, suas dimensões são de 20-275 x 4-6 µm. Os conídios são hialinos, multiseptados, hilo espessado e escuro, longos com ápice agudo, retos ou ligeiramente curvos e dimensões de 40-150 x 2-4 µm (MYCOBANK, 2018).

Observações: A diferença encontrada nos sintomas dessa doença inicialmente era dita como resultado de variação genética do patógeno, no entanto, estudos moleculares não apresentaram evidencias de variações genéticas entre isolados que causam os sintomas típicos da doença e os isolados que causam as manchas irregulares de coloração escura. Variações ambientais é a causa mais provável para essa diferença. A disseminação do patógeno ocorre pelo vento. O isolado CML2984 de Mycosphaerella coffeicola (sinônimo Cercospora coffeicola) em Coffea arabica coletado no Estado de Minas Gerais, tem a sequência ITS depositado no GenBank com o código de acesso KU203739.1.

Controle:

Não químico: A adubação equilibrada com macro e micronutrientes, manejo da irrigação, uso de mudas saudáveis e com boa sanidade.

Químico: Existe uma grande quantidade de fungicidas registrados para a cultura do café. Para maiores informações consultar o site do MAPA – AGROFIT, (http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons).

REFERÊNCIAS IMPORTANTES:

AGROFIT. Sistemas de agrotóxicos fitossanitários. Disponível em: <http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons>. Acesso em 22 de maio de 2018.

SOUZA, A.G.C.; RODRIGUES, F.A.; MAFFIA, L.A.; MIZUBUTI, E.S.G. Infection Process of Cercospora coffeicola on Coffee Leaf. Journal of Phytopathol, v. 159, p. 6–11, 2011. DOI: 10.1111/j.1439-0434.2010.01710.x.

MYCOBANK. Cercospora coffeicola. Disponível em: <http://www.mycobank.org/BioloMICS.aspx?TableKey=14682616000000063&Rec=14379&Fields=All>. Acesso em 22 de maio de 2018.

STEVENSON, J.A.; WELLMAN, F.L. A preliminary account of plant diseases of El Salvador. Journal of the Washington Academy of Sciences, v. 34, n. 8, p. 259-268, 1944. DOI: https://www.jstor.org/stable/24530721.

COOKE, M.C. Some exotic fungi. Grevillea, v. 9, n. 51, p. 97-101, 1881.

Fig. 1. Visão geral do cafeeiro (Coffea arabica) com sintomas de cercoporiose (Cercospora coffeicola).
Fig. 2. Folha de cafeeiro (Coffea arábica) com sintoma de cercoporiose (Cercospora coffeicola).
Fig. 3. Cercospora coffeicola: conidióforos de coloração marrom, septados e apresentando cicatriz da extremidade apical do conidióforo, onde se ligam os conídios que são hialinos, multiseptados e com espessamento do hilo.

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