DOENÇAS DO MAMÃO

VARÍOLA

Hospedeiro: MAMOEIRO – Carica papaya L.

Relevância: O mamoeiro é uma planta dicotiledônea pertencente à família Caricaceae. O mamão é uma das fruteiras mais cultivadas e consumidas devido ao seu alto valor nutricional, tem seu centro de origem nas regiões tropicais e subtropicais América do Sul (Souza e Lorenzi, 2005). A produção de mamão tem como fator limitante o aparecimento de doenças, dentre elas destaca-se a varíola do mamoeiro com grande importância na produção brasileira por influenciar diretamente no rendimento da planta devido a manchas foliares que causam redução da área fotossintética ativa e vigor da planta, em alguns casos ataca o fruto depreciando o produto (Martelleto et al., 2009).

Agente etiológico: Asperisporium caricae (Speg.) Maubl.,1913. [MB#100537]

= Cercospora caricae Speg,1886.

= Fusicladium caricae (Speg.) Sacc.,1902.

= Scolecotrichum caricae Ellis & Everh.,1892.

= Epiclinium cumminsii Massee, 1898.

= Pucciniopsis caricae Earle,1902.

Distribuição: América Central, América do Sul, Austrália, África, Índia e Estados Unidos (Silva, 2010).

Sintomas: O mamoeiro apresenta em suas folhas uma mancha negra, vulgarmente conhecida como “ferrugem do mamão” (Carica papaya). Estas lesões na face adaxial são arredondadas (aproximadamente 4mm) com coloração variando entre branco e pardo-claro com um halo clorótico, na face abaxial da folha encontra-se uma massa de conídios escura, frutificações pulverulentas, circulares e levemente angulosas. Manchas abundantes causam desfolhação e pode ocorrer a queda de mais de 50% das folhas. Este patógeno é especifico do mamoeiro (Amorim et al., 2016; Mycobank: [MB#100537]).

Morfologia do fungo:O patógeno apresenta como característica um estroma bem desenvolvido subepidérmico produzindo conidióforos eretos e septados. Conidióforos em esporodóquios intimamente empacotados e cobrindo a superfície do estroma, com várias cicatrizes conidiais proeminentes no ápice, até 45 µm de comprimento, 6-9 µm de largura. Os conídios apresentam paredes verrugosas com 0-1 septos, são bicelulares, piriformes ou oblongos, pigmentados (hialino a castanho claro) e equinulados, 14-26 x 7-10 µm (Amorim et al., 2016; Mycobank: [MB#100537], 2018; Silva, 2010).

Observações: Em sua fase perfeita, este patógeno é denominado de Mycosphaerella caricae (Maubl) [MB#334736] ou Sphaerella caricae (Maubl) [MB#232887].

Material herborizado: VIC

Cultura pura (se aplicável): COAD

Controle:

Não há referências sobre a existência de resistência varietal à A. caricae e o uso de produtos químicos em plantações comerciais não é recomendado como medida de controle, pois a supressão do desenvolvimento da doença pode ser alcançado através das medidas de proteção adotadas para o controle das podridões de pós-colheita (Amorim et al, 2016).  Têm se como principal método de controle as práticas culturais, através da retirada e queima dos restos contaminados da cultura.

Apesar de não ser recomendado o uso de produtos químicos como controle, é possível encontrar na literatura estudos que mostram que o uso de fungicidas é um método eficiente no controle da varíola do mamoeiro (Barreto et al., 2016; Santos Filho et al, 2007). Para o controle da varíola do mamoeiro no Brasil estão registrados 43 produtos comerciais (http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons).

Referências bibliográficas:

Agrofit. Disponível em:<http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons>. Acesso em: 18 de maio de 2018.

Amorim, L.; Rezende, J. A. M; Bergamin Filho, A.; Camargo, L. E. A. Manual de Fitopatologia. Volume 2 – Doenças de Plantas Cultivadas. 5ª Edição. Editora Agronômica Ceres Ltda. São Paulo. 2016. 820p.

Barreto, L. F.; Savan, P. A. L.; Lima, L. L. de; Lodo, B. N. Avaliação de fungicidas no controle de Asperisporium caricae na cultura do mamoeiro. Revista Brasileira de Fruticultura (Impresso), v. 33, 2011. p. 399-403.

Martelleto, L. A. P. et al. Incidência da varíola, causada por Asperisporium caricae, em folhas de mamoeiros submetidos ao manejo orgânico, em diferentes ambientes de cultivo. Summa phytopathol. [online]. 2009, vol.35, n.4, pp.288.

Mycobank [MB#100537]. Disponível em: <http://www.mycobank.org/BioloMICS.aspx?TableKey=14682616000000063&Rec=14319&Fields=All>. Acesso em: 18 de maio de 2018.

Santos Filho, H.P.; Oliveira A.A.R., Noronha, A.C.S; Sanches, N.F.; Lopes, F.F.; Andrade, P.R.O.; Osorio, A.C.B.; Souza, J.A.; Oliveira, A.M.G.; Santos, M.J. Monitoramento e controle de Pinta Preta do mamoeiro Asperisporium caricae (Speg.) Maubl. In: Papaya Brasil: Manejo, Qualidade e Mercado e inovações tecnológicas para o mamão (Eds. D.S. Martins). Incaper. Vitória, Brasil: 2007, p. 472-475.

Silva, L. A. Isolamento e crescimento de Asperisporium Caricae e sua relação filogenética com Mycosphaerellaceae. Dissertação (Mestrado em Fitopatologia), Universidade Federal de Viçosa. Viçosa, 2010.

Souza, V.C.; Lorenzi, H. Botânica Sistemática: guia ilustrado para identificação das famílias de Angiospermas da flora brasileira, baseado em APGII. Instituto Plantarum, Nova Odessa, 2005.

Fig. 1. Folhas de mamoeiro com sintomas de varíola e estruturas reprodutivas do patógeno formando uma massa escura na face abaxial da folha.
Fig. 2. Conidióforos pigmentados com cicatrizes conspícuas e conídios pigmentados, verrugosos e septados com presença de cicatriz proeminente.

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