DOENÇAS DO COQUEIRO

LIXA PEQUENA

Hospedeiro: Coqueiro (Cocos nucifera)

Relevância da doença

A lixa pequena destaca-se por ser responsável pela redução de até 50% do potencial produtivo do coqueiro, embora não cause a morte da planta. Esta doença é considerada a mais importante do coqueiro nos Estados de Pernambuco, Pará, Alagoas, Ceará, Rio Grande do Norte, Sergipe e Bahia.

Etiologia

Agente etiológico

Camarotella torrendiella (Bat.) J.L. Bezerra & Vitoria 2008 [MB#511820]~
Fungi, Ascomycota, Pezizomycotina, Sordariomycetes, Phyllachorales, Phyllachoraceae, Camarotella

 Sinônimos

Catacauma torrendiella Bat., (1948) [MB#284815]
Sphaerodothis torrendiella (Bat.) J.L. Bezerra (1991) [MB#415974]
Phyllachora torrendiella (Bat.) Subileau, Renard & Dennet. (1993) [MB#357844]

 Hospedeiros

Allagoptera brevicalyx (Buri-de-praia)
Bactris ferruginea (Mané-véio)
Cocos nucifera (Coco)
Syagrus coronata (Ouricuri)
Theobroma cacao (Cacau)

Distribuição

Brasil (Estados do Alagoas, Amazonas, Bahia, Espiríto Santo, Pará, Paraíba, Pernambuco, Sergipe)

Características

Sintomas

Nas folhas ocorre inicialmente a formação de lesões amarelas, posteriormente estas lesões ficam necróticas, elípticas a losangulares, dando origem ao aparecimento, primeiramente dos estromas picnidiais e posteriormente dos estromas ascígeros do fungo. Nos folíolos, os estromas tomam à maturidade com aspecto de verrugas negras, opacas, irrompentes, hemisféricas, dispostas no sentido das nervuras, também se desenvolvendo no sentindo lateral, formando filas paralelas, livres ou anastomosadas. Na raque e pedúnculo floral o micélio do fungo pode ser visto no interior dos tecidos parasitados causando lesões alongadas, com exsudação de goma clara, ficando de cor âmbar em contato com o ar. Nestas lesões da raque e pedúnculo também é possível encontrar estromas do fungo.

Morfologia do fungo

Estroma ascal erumpente, discreto ou confluente, principalmente epífilo, plano na base, marrom a negro, com 0,8 a 1,0 mm de diâmetro. Peritécio erumpente, glabro, subgloboso a alongado, carbonáceo, isolado ou confluente, 450-1000 x 315-705µm, ostíolo. Ascos clavados, unitunicados, com oito esporos, estipitados, 110-150 x 16-32 µm; paráfises filiformes, septadas, simples ou ramificadas, 0,8 a 1,5 µm de diâmetro. Ascósporos hialinos, monósticos ou dísticos, subfusoides a elipsoides, gutulados, subacutos nas extremidades, com película mucosa, 17.5-27.5 x 7.5-9.0 µm, excluindo-se a película mucosa. Conidiomas erumpentes, pulninados, carbonáceos, 0,2 a 0,4 mm de diâmetro. Células conidiogênicas forrando o lóculo picnidial, como uma palissada, hialinas, simples ou ramificadas, 10-22.5 x 1.5-2.0 µm, ápices acuminados com proliferação percorrente. Conídios filiformes, hialinos, curvos, sigmoides, acropleurogênicos, não catenulados, 15-28 x 0.5-0.8 µm, contínuos.

Observações:

O fungo é um parasita obrigatório, precisa de tecido vivo para sobreviver. A maior produção de ascósporo acontece no período das chuvas e a sua liberação ocorre em condições de alta umidade relativa e temperaturas baixas. O vento e a chuva atuam disseminando o patógeno.

Controle

Recomendações de controle não químico para a doença:

Recomenda-se controle cultural com corte e queima das folhas muito infectadas e secas. Plantio de leguminosas para permitir a fixação de nitrogênio, pois em estudos prévios já foi demonstrado o efeito positivo do incremento de nitrogênio contra C. torrendiella. Recomenda-se o controle biológico com os fungos hiperparasitas: Acremonium alternatum, A persicinum, A. cavaraeanum, Dycima pulvinata e Septofusidium elegantulum.

Recomendações de controle químico:

Vários trabalhos de pesquisa têm sido realizados para possibilitar o controle químico deste patógeno, mas a utilização desta técnica em grandes culturas é considerada inviável devido ao tamanho das plantas.

Citação

HECK, D. W. Coqueiro: Lixa-pequena-do-coqueiro. 2015.

Referências

1. Farr, D.F., & Rossman, A.Y. Fungal Databases, Systematic Mycology and Microbiology Laboratory, ARS, USDA. Retrieved June 28, 2015, <http://nt.ars-grin.gov/fungaldatabases>.
2. Hyde, K.D., and Cannon, P.F. 1999. Fungi causing tar spots on palms. Mycol. Pap. 175: 1-114.
3. Mendes, M. A. S.; Urben, A. F.; Fungos relatados em plantas no Brasil, Laboratório de Quarentena Vegetal. Brasília, DF: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. Disponível em: http://pragawall.cenargen.embrapa.br/aiqweb/michtml/fgbanco01.asp. Acesso em: 28/6/2015.
4. Vitoria, N.S., Bezerra, J.L., Gramacho, K.P., and Luz, E.D.M.N. 2008. Camarotella torrendiella comb. nov. and C. acrocomiae: etiologic agents of black leaf spot diseases on the coconut tree. Tropical Plant Pathology 33: 295-301.

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